sexta-feira, novembro 25, 2016

Ergo do Chão Meu Silêncio


Ergo do chão meu silêncio e nele alicerço
Minha casa-abrigo. E bordo, letra a letra,
As palavras-outras nas margens clandestinas
De que sou devoto.

Cabana apenas a que o olhar se rende
Premeditados esquissos. Assaz perdidos
Que nada mais importa nesta floresta de enganos
Que não seja a rota dos desejos.

E então me perco. Ou então me faço
Soleira e cristal. E percorro enseadas
E aí me demoro. E abro meu corpo
Ao mistério das águas
E ao âmago dos ventos.

Manuel Veiga








3 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...


Ergo do Chão Meu Silêncio, esse título é muito bonito.
Um dos poemas mais lindos que vi aqui, talvez por ser triste. Penso que a tristeza é bem manipulada pelos poetas, é o grito verdadeiro da alma.
Parabéns.
Beijo, amigo!

LuísM Castanheira disse...

é sempre um mistério o que as águas guardam... só o poeta o sabe.

Graça Alves disse...

A liberdade de ser poeta!
Muito bom
bjs

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...