quarta-feira, julho 29, 2015

HUMANÍSSIMA DOR DE NOSSOS DIAS...


Busca o poeta a límpida palavra. A palavra
Não maculada ainda por sentidos espúrios.
Quer o poeta a Palavra inaugural a ferver nos lábios
Declinada no rosto dos proscritos.

E no corpo dos famintos...

“Por certo o Amor” – garantem então os “experts” da Alma.
“A Esperança, sem dúvida” – replicam celestiais hinos
E alegres paladinos de amanhãs festivos...

Mas o Amor - desde Pessoa que o sabemos! -
Quer-se quente. Porém, vende-se pelas esquinas
Como dobrada fria...

E a Esperança é palavra banida nas Chancelarias!

Seja então a palavra Dor, a dor libertadora.
A humaníssima Dor de nossos dias...


Manuel Veiga


19 comentários:

Lídia Borges disse...


Uma "humaníssima Dor", o que fica, depois do sumiço de deuses e demónios...

"A Esperança, sem dúvida" encontro-a em alguns escritos. Gosto de vê-la assim exposta, gosto também de saber que a "humaníssima Dor" não se revelou ainda a todos, pelo menos de um modo tão nu como se revela a alguns. Quanto à alma, um modo de dizer "coração".


Bj.

Majo disse...

~~~
~~ O que se vende pelas esquinas,
não é, com certeza absoluta, amor...

~~ Cantar a dor é puro masoquismo...

~~ Celebremos, então, a humaníssima
capacidade resistente e lutadora...
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

~~~~~ Abraço amigo. ~~~~~
~ ~ ~ ~ ~

Graça Sampaio disse...

mas... as palavras já foram todas inventadas e contaminadas...

Prefiro o Amor, até mesmo a Esperança à Dor. Que te deu, Poeta?!

CÉU disse...

Não, de dor, não! Quero amor! Abraço.

Janita disse...

Eu, como Pessoa, escolheria o Amor- o verdadeiro, o puro, o que eleva alma - como a humaníssima Dor dos nossos dias!

Se me permite, deixo um abraço!

Janita

Mar Arável disse...

Sem dor meu irmão poeta

sopro-te e voo

Suzete Brainer disse...

O título lindo que remete a abordagem da
profundidade existencial no poema...
Quando o poeta na sua busca significativa da palavra,
percorre caminhos na personificação da palavra pelas
vias do amor, da esperança e na dor humana ocorre o
reconhecimento desta igualitária experiência
que humaniza na sensibilidade mais nobre;
a solidariedade...
Belíssimo!
Fui tocada assim pelo o poema, talvez um sentir só meu e
distante do curso do poema... Contudo gosto muito dos
teus poemas e dos teus escritos no geral no que eles
tocam a minha emoção.
Grata, Poeta!
beijo.

Manuel Veiga disse...


Suzete,

Grato eu, amiga.
pelo seu belo, sensível e inteligente comentário.

beijo

Manuel Veiga disse...

Lídia,

é muito bom ser assim compreendido o meu poema.

grato, amiga

beijo

Majo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel Veiga disse...

grato a todas(os) os que tiveram a gentileza de comentar...

beijos e abraços

Jaime Portela disse...

A dobrada fria é o que nos vendem mais... a par da esperança de atingirmos o inatingível (da que mais gostei foi a de virmos a ser um dos 10 países mais competitivos do mundo...).
Talvez para que ninguém sinta nem pense na "dor libertadora, a humaníssima dor dos nossos dias".
Mais um excelente poema. Parabéns.
Caro Veiga, tenha um bom resto de semana.
Abraço.

lis disse...

Todos os sentimentos andam na categoria dos abstratos daí serem também tão inexplicáveis_embora sentidos.
Fico com os 'experts' da Alma _ só ele o Amor, incorpora as 'humaníssimas' dores do mundo.
Abraço,heretico

Zé Povinho disse...

Que a esperança se sobreponha sempre à dor, que existe mas que temos que tentar ultrapassar...
Abraço do Zé

jrd disse...

Humaníssima é a dor destes dias desumanos.
Abraço fraterno

Agostinho disse...

As palavras têm hoje a sua essência adulterada, por isso, a gente deste país vai sendo sangrada por enganos de esquina.
Ao poeta que sente a humana dor faltou dizer "pai afasta de mim este cálice"? Mas o verso não é uma encomenda para decorar uma jarra...
Abraço.

Graça Pires disse...

A nitidez de cada palavra que habita o poeta. Tantas vezes amor, tantas vezes esperança, tantas vezes dor. Mas sempre palavras de "humanas criaturas" onde se fatigam as mãos e a voz...
Belíssimo poema!
Um beijo, meu Amigo.

Teresa Durães disse...

:) humaníssima dor do nosso contentamento!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a palavra limpida que por vezes nada tem de lipidez..
a palavra calada e estrangulada.
mas que não seja de Dor, só se fôr libertadora (como bem disse o Poeta)
um bom fim de semana.
beijo

:)

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