O jurista, o democrata,
o homem da cidadania já era poeta muito antes da publicação deste livro, que os
mais íntimos sempre lhe “reivindicaram”.
Um dia disse-lhe que a
poesia não pretende salvar o mundo, só ajudar – e são tantos os mundos, os
silêncios, os amanhãs, que por vezes nos recolhemos à imensidão dos quotidianos
partilhados e a palavra se torna relâmpago, luz em riste – pulsa onde é
improvável ver mais longe.
Com Manuel Veiga a
palavra depurada, significante, purificada nos textos, flui sem margens e
desagua à flor da pele.
Mas que ninguém se
iluda – aqui nada é espontâneo no sentido do improviso organizado, aqui a palavra
é esculpida com afectos, muito mais que um artesão de metáforas. Aqui o poema é
fruto que dá trabalho...
Quando o poeta diz – “Filhos do Vento e das madrugadas”- “ O
grito da outra margem” – “ Os dedos do poeta se deslaçam” – “O tempo
suspende-se nesta nesga de vida” – “ Me convoco no azul” – “ Abre-se o canto
latejante flor de Abril” –
Quando o poeta se interroga e nos interroga,
expõe-se a céu aberto, transporta-nos para um exercício que não desvenda o
indizível mas sugere viagens de leitura, a boa prática de o reler, conforme as
marés.
Foi com prazer que
aceitei escrever estas duas linhas ao meu amigo.
Este livro” Poemas
Cativos” – é uma viagem solidária com a vida, um acontecimento poético pela
densidade criativa, um voo sublime de estar a intervir que a todos convoca para
uma leitura em voz alta.
Na verdade nem só os
barcos rasgam “destinos” contra o ciclo das marés – também os poetas, com asas
a fingir de pássaros, sobem aos mastros para voar nas palavras.
O poeta cumpriu-se.
No próximo apeadeiro,
cá te espero.
BEM VINDOS TODOS AQUELES(AS)
QUE VIEREM POR BEM...
No próximo dia 24 - Sábado - pelas 18 horas - Biblioteca Municipal José Saramago - LOURES
Edição - "Poética Edições" - Virgínia do Carmo
Manuel Veiga