A Mulher de
Vermelho
Rasgam-se as
cortinas e sob o foco a Mulher
Esguia como o
tempo liberto como um punho
Erguido ao céu
da praça cheia e às canções!
Maiakovski grita
em métricas guturais:
“Abram alas ao futuro que perpassa nas dobras
Do manto
vermelho!...”
A Mulher
inclina-se em dignidade soberba
Segura nas mãos
a flor dos dias e nos olhos
O fervor prenhe
de lonjura e de distância
E a palavra
ousada nos lábios escarlate
Como a túnica...
Cá em baixo uma
criança soletra liberdade
Nas pétalas desfolhadas
do cravo rubro
Que a mãe lhe
dera com o leite
E o pai sorri
com os imaculados dentes
Da fome. Com o
grito! Com o canto...
E ergue o punho
à mulher de vermelho
Que o acolhe em
seu seio de cristal...