quarta-feira, novembro 30, 2011

Falta de cabeça...


 “Alguns homens de talento da nossa Terra lembram-me a Victória de Samotráquia: têm asas, mas não têm cabeça.” - Raul Proença – SN nº45 – Maio 1925
Assim os nossos "senadores", suas memórias, seus livros e suas entrevistas televisivas ...

(Ando um pouco amargo, desculpem)

domingo, novembro 27, 2011

APÓS A GREVE GERAL ...


Pacheco Pereira - in "Público" - 26.11.2011
(excerto)

(Quase) tudo me distingue do autor em referência.
Não tenho, porém qualquer dúvida em editar este texto.
Como diria Raúl Proença "todos temos dentro de nós, uns mais do primeiro, outro do segundo, um ser inteligente, um ente crítico, de razão, e um ser instintivo (...) todo de reflexos e reacções elementares imediatas (...)"

Seja esta uma forma singela de dignificar o primeiro (ser que nos habita)
em prejuízo do segundo.

terça-feira, novembro 22, 2011

Com A GREVE GERAL, naturalmente...


Quando a dignidade, a justiça, a democracia e a soberania estão em causa, a luta de um povo e todos os sacrifícios se justificam. A situação financeira e económica dos trabalhadores e das suas famílias é dura, as pressões do desemprego, da precariedade e de alguns autoritarismos patronais são violentas.

A proposta de Orçamento de Estado para 2012 perspectiva um ciclo de austeridade, de recessão económica e deterioração orçamental que se irá prolongar, sem se saber ao certo quando poderá terminar.

As políticas que o Governo se propõe adoptar, assentam na recessão económica e tornam o agravamento do desemprego, a facilidade de despedir, o aumento dos horários de trabalho, a redução da retribuição do trabalho e os cortes com as prestações sociais, como factores estruturantes do empobrecimento dos portugueses.

Os trabalhadores da Administração Pública perdem, em média, em dois anos, cerca de 30% da sua retribuição. A proposta de aumento dos horários de trabalho em 2,5 horas semanais não remuneradas, tem é uma ignóbil medida que aprofunda a exploração do trabalho a níveis de escravatura.

Aceitar que tecnocratas ao serviço de credores e agiotas, se dêem ao desplante de virem ao nosso país afirmar na comunicação social as políticas que devemos seguir significa abdicarmos da nossa soberania. As suas sugestões de mais cortes na saúde, nas condições das autarquias e nos subsídios de férias e de Natal constituem autênticas provocações e permitem mais chantagens sobre os trabalhadores.

Para travar os perigos, para resistir com êxito e para ganhar os desafios do futuro é preciso que os trabalhadores e o povo não se conformem e intervenham com a sua luta e as suas propostas.

A Greve Geral é por direitos e condições de trabalho e por direitos sociais fundamentais mas, acima de tudo, por Portugal, contra o retrocesso social e civilizacional em curso e pelo futuro das jovens gerações.




 

domingo, novembro 20, 2011

Sobre escombros...


Sobre escombros a invertebrada luz. Branca.  
E a noite ignota…

Somente iniciados lhe colhem o sentido.
Obscuro. E no bordão dos dias
Percorrem suas dores. Peregrinas…

Sabem que no colapso e nos nocturnos despojos
Todos os portais se franqueiam. E todas as auroras.
E que dóricas colunas são apenas o sobre-humano
Esforço de erguê-las…

E que na ignara majestade dos homens
Irrompe ao longe o dia claro…    

sexta-feira, novembro 18, 2011

“Para além do capital e de sua lógica destrutiva”


 Ao que julgo conhecer, o filósofo marxista George Lukács alimentava a ideia de escrever “O Capital” dos nossos dias. Esse projecto significaria investigar o mundo contemporâneo e a sua lógica, os novos elementos do seu metabolismo social e com isso fazer, no último quartel do século XX, uma actualização das categoriais e lineamentos presentes na obra de Marx. No entanto, foi outro filósofo marxista, o húngaro István Mészáros, grande colaborador de Lukács, quem lançou mãos à obra.

Radicado na Universidade de Sussex, na Inglaterra, Mészáros já havia publicado diversos livros de grande fulgor intelectual, mas conforme as referências que encontro, “Para além do capital e da sua lógica destrutiva” é a sua obra maior.

Em porfiada ronda pelas livrarias de Lisboa, fui obrigado a reconhecer que, em Portugal a obra em referência é pura e simplesmente desconhecida, ou então olimpicamente ignorada pelos nossos editores e livreiros, para não falar no mainstream cultural envolvente. Enfim, em verdade, nada surpreendente: mais um triste sinal dos tempos!...

Socorro-me por isso de alguns sites, sobretudo brasileiros, para me documentar sobre a obra, julgando estar em condições de vos dizer que “Para além do Capital e da sua Lógica Destrutiva”, constitui, no actual estádio de desenvolvimento da sociedade, uma penetrante reflexão crítica sobre o capital, as suas formas e as suas engrenagens e mecanismos de funcionamento.

Mészáros realiza assim uma demolidora crítica do capital e uma das mais densas reflexões sobre a sociabilidade contemporânea e a lógica que a enforma.

Como um dos eixos centrais de sua interpretação, Mészáros, ao arrepio do pensamento marxista clássico, considera capital e capitalismo como fenómenos distintos e admite que a identificação de ambos os conceitos tenha estado presente nas experiências revolucionárias até à data, tendo sido porventura a razão do seu fracasso.

Para István Mészáros, o capital antecede ao capitalismo e também lhe será posterior; o capitalismo, por sua vez, será uma das formas possíveis de realização do capital, uma de suas variantes históricas. Assim como existia capital antes da generalização do sistema capitalista, também se pode verificar a continuidade do capital após o capitalismo.

É o que o Mészáros denomina como “sistema de capital pós-capitalista”. Tal, como, na perspectiva do autor, aconteceu na URSS e demais países do Leste Europeu, durante o século XX, pois que estes países, embora tivessem uma configuração pós-capitalista, foram incapazes de romper com o “metabolismo” de funcionamento do capital.

Considera, portanto, que o capital é um sistema abrangente, com núcleo constitutivo formado por capital, trabalho e Estado; estas três dimensões estão são materialmente interligadas, sendo assim impossível poder supera-lo sem a eliminação do conjunto dos elementos incorporados no sistema.

E, como sistema que não tem limites para a sua expansão (ao contrário dos modos de produção anteriores, que buscavam a satisfação das necessidades sociais), o metabolismo de funcionamento do capital, no limite, torna-o incontrolável. Como se sabe, fracassaram no objectivo de o controlar ou superar tanto a social-democracia, quanto a alternativa soviética, uma vez que, uma e outra, acabaram seguindo o que Mészáros denomina “a linha de menor resistência do capital”.

Expansionista, destrutivo e, no limite, incontrolável, o capital assume cada vez mais a forma de uma crise endémica, crónica e permanente, cuja agudização faz emergir o espectro da destruição global da humanidade.

Esta emergência histórica, coloca, assim, como única forma de evitar a catástrofe, a evidente necessidade de pensar e construir uma alternativa social, que na perspectiva do autor será a sociedade socialista.

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Se tiverem tempo e paciência, recomendo que visionem entrevista completa que István Mészáros concedeu a célebre programa da TV brasileira “Roda Viva”, constante do vídeo.   









quarta-feira, novembro 16, 2011

SEARA NOVA - Outono 2011


Foi recentemente publicada a última edição da SEARA NOVA – nº 1717 - Outono de 2011. Como motivo suplementar de interesse a circunstância deste número celebrar o 90º aniversário da fundação da revista, cujas iniciativas comemorativas se realizarão em 2011/12.

Neste contexto, de salientar, desde logo, a capa da revista, de autoria da insigne pintora e seareira, Maria Keill, que pretendeu associar-se às iniciativas do 90º aniversário da SEARA NOVA, bem como o poema inédito e empolgante do poeta e ensaísta Manuel Gusmão, de que vos deixo brevíssima referência:

“Eu te saúdo, velho oceano, que guardas na caixa
Arcaica dos teus pulmões os rios que no teu corpo,
Apodrecem tantos despojos brilhantes e imprestáveis,
Equivalentes segundo o marcial padrão euro
Ao recheio exorbitante de 10 Centros Comerciais …”

Também a merecer destaque a “mesa redonda” com António Reis e Fernando Correia, que, com Sottomayor Cardia, tiveram papel determinante na renovação e no sucesso editorial alcançado pela SEARA NOVA no início da década de setenta.

Presentemente, além de outras actividades, o historiador António Reis é professor aposentado da Universidade Nova de Lisboa e Fernando Correia é jornalista, director do Curso de Jornalismo da Universidade Lusófona.
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Leia, assine e divulgue a SEARA NOVA!...
“Há que fazermo-nos ao Mar, antes que sequem os rios…”












segunda-feira, novembro 14, 2011

EÇA DE QUEIROZ, tal e qual...


“Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.

A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio.

A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”

Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora” (1867)
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“Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito.

Hoje, crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política.

De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.”


Eça de Queirós, in “Correspondência” (1891)

domingo, novembro 06, 2011

AZUL. VERMELHO E ÁGUA...


Furtivos são os dias
No olhar das crianças e no coração dos homens.
Frémito de ondas e rito de aves nos imutáveis destinos
Onde todas a coisas são simples e belas.

E sem mácula…

Como a inesperada flor vermelha, abrupta,
No declive das rochas, em precipício de cinza,
Diluindo-se na paisagem e no gesto de colhê-la…

Azul, vermelho e água - assim o lastro.
E as inquietantes nuvens toldando o rio seco
E incendiando as margens. Como vésperas
De um tempo incerto. E de seu canto.

Ferida aberta…

Nos olhos o voo dos pássaros e o balancear das ondas.
E a pulsão dos barcos arrimados. E o abismo da vertigem.
Ainda. E a flor carnívora. Calcinada…

E nas mãos apenas o calcário. E a generosa flor
Que vos ofereço.

Como rocha parideira!…
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Uma  pequena catarata na vista esquerda - nada de grave, portanto|... rs

Vou ali e já venho...
Beijos e abraços




  



sexta-feira, novembro 04, 2011

O CÃO DE ULISSES...

Há fidelidades que matam!
Assim compreendam as lições da História
a Grécia, Portugal e os restantes PIGs 

Sem Pena ou Magoa

  Lonjuras e murmúrios de água E o cântico que se escoa pelo vale E se prolonga no eco evanescente…     Vens assim inesperada me...