Línguas oficiais - Árabe e castelhano
Capital - El Aaiún
Presidente(no exílio)- Mohamed Abdelaziz
Primeiro-ministro (no exílio)- Abdelkader Taleb Oumar
Área - 286 000 km²
População - 261 794 (Julho 2003)
Proclamação da Independência - em 1976
Anexado por Marrocos
Moeda - Dirham
1 - O Saara Ocidental é um país que existe de jure, mas não existe de facto. Quer dizer, as Nações Unidas consideram-no como um país independente ocupado, mas Marrocos mantém que o Saara Ocidental é parte integrante do seu território.
Também denominado como República Árabe Saarauí Democrática (RASD), o Saara Ocidental é uma região árida e quase desértica, situada junto à costa noroeste de África, constituída por desertos pedregosos, em certas áreas, e arenosos, em outras. É limitado norte por Marrocos, a leste pela Argélia, a leste e sul pela Mauritânia e a oeste pelo Oceano Atlântico, por onde faz fronteira (marítima) com a região autónoma espanhola das Canárias.
Como o nome indica, este país integra o deserto do Saará. É composto de oásis dispersos e pequenas manchas de pastagem pobre. Está dividido em duas regiões: Saguia al-Hamra e Rio de Oro. Por outro, lado possui uma das maiores reservas pesqueiras do mundo; e também possui as maiores jazidas de fosfatos, além de jazidas de cobre, urânio e ferro. A economia do Saara Ocidental é baseada principalmente na extracção e exportação de fosfato, cobre, ferro e urânio.
Em 2003, tinha cerca de 262 mil habitantes. A maioria dos sarauís - incluindo os refugiados na Argélia constitui uma mistura de árabes e berberes, quase todos muçulmanos. Falam árabe, berbere e castelhano. A sociedade do Saara Ocidental é essencialmente igualitária, não conhece outra autoridade para além da do chefe de família. As funções deste são principalmente sócio-religiosas. Não existe, portanto, o Estado como estrutura formal.
2 - O povo saraui encontra as suas origens em vasto mosaico de tribos nómadas, berberes e árabes, de enraizadas tradições guerreiras, convertidas ao islamismo em no Sec. VIII d. C. Entre os seus mais célebres antepassados encontram-se os almorávidas que, entre o Sec. XI e o Sec. XII, se expandiram por vasto império e dominaram o Magreb ocidental e grande parte da Península Ibérica.
O seu grande sentido de independência levou este povo, ao longo dos tempos, a resistir a todas as tentativas de dominação, quer dos portugueses (os primeiros colonizadores), quer dos sultões marroquinos, quer dos espanhóis, que apenas em 1936, com a ajuda de forças expedicionárias francesas, conseguiram submeter todo o território do Saara Ocidental. Até 1936, a colonização espanhola limitava-se a três pontos no litoral: El Aaiún, Cabo Juby, na província de Trafaya e Villa Cisneros.
Em 1958, verificou-se uma insurreição generalizada no território; para enfrentar a rebelião, a Espanha, em conjunto com a França, organizou uma poderosa expedição militar, de mais de 14 mil homens e 130 aviões. E, se os objectivos dos espanhóis eram claros, ou seja, dominar o território, os desígnios do governo de França eram porventura mais sofisticados, mas porém não menos claros. Tinha em vista a França atingir a Argélia pela retaguarda, impedindo os independentistas argelinos de instalarem bases naquela colónia espanhola. Para compensar a colaboração nesta intervenção militar franco-espanhola, a Espanha cedeu a Marrocos Trafaya, a mais setentrional província do Saara Ocidental.
Estimulados pelas pela independência dos países árabes do Magreb (Argélia, Líbia, Mauritânia e Tunísia) os nacionalistas saaruis, promoveram uma série de manifestações pacíficas, violentamente reprimidas, o que convenceu os dirigentes mais lúcidos da inevitabilidade da luta armada. Assim, em 10 de Maio de 1973, foi constituída a Frente Popular de Saguia el Hamra e Rio de Oiro – Frente Polisario - sob a direcção de El Uah Mustafá, posteriormente morto em combate.
Entretanto, incentivada pelo sonho de um “Grande Marrocos”, as riquezas económicas descobertas no território saaurí (ferro, petróleo, gás natural e urânio) estimularam a cobiça da monarquia marroquina, que passou a reivindicar a soberania sobre o Saara Ocidental perante o Tribunal Internacional de Justiça de Haia. Porém, a alegação de Marrocos foi rejeitada pelo Tribunal Internacional de Justiça. Apesar disso, numa operação de propaganda, o rei Hassan de Marrocos promoveu uma alegada “marcha verde” sobre o território saaurí, ao abrigo da qual, em conivência com o governo espanhol, introduziu naquele território 11 batalhões de infantaria e blindados.
Seis dias antes da morte de Franco, em 14 de Novembro de 1975, por acordo assinado em Madrid, a Espanha cedeu a Marrocos e à Mauritânia o Saara Ocidental, atraiçoando as aspirações do povo saraui, num acto que não encontra paralelo em toda a negra história do colonialismo europeu em África.
3 - Quando, em 1975, a Espanha abandonou a sua antiga colónia, deixou atrás de si um país sem quaisquer infra-estruturas, com uma população completamente analfabeta e desprovida de tudo. O vazio criado pela Espanha foi aproveitado pela Mauritânia (que se se assenhorou de 1/3 do território) e por Marrocos (que ficou com o restante), ambos invocando direitos históricos.
Os sarauís haviam, porém, fundado a Frente Polisário, que iria expulsar o pequeno exército da Mauritânia, numa guerra que arruinou aquele país. Em consequência, os militares mauritanos, em Junho de 1978, derrubaram o presidente do país e firmaram, poucos meses depois, um acordo de paz com a Frente Polisario. Escasso anos depois, a Mauritânia reconheceu a República Árabe Saarui Democrática (RASD), proclamada em 27 de Fevereiro de 1976.
Frente a frente ficariam, nas areias do deserto, os guerrilheiros da Frente Polisário e as forças marroquinas de Hassan II. O exército marroquino retirou-se para uma zona restrita do deserto, mais próxima da sua fronteira e constituindo o chamado "triângulo de segurança", que compreende as duas únicas cidades costeiras e a zona dos fosfatos. A engenharia militar construiu aí um imenso muro de betão armado, por trás do qual os soldados marroquinos vivem entrincheirados, protegendo a extracção do minério.
4 – No plano diplomático, em 1983, a Organização da Unidade Africana (OUA) reconheceu o direito do Saara Ocidental à autodeterminação e, um ano depois aceitou a RASD como membro, tendo, entretanto, sido reconhecida por 30 países africanos, 16 latino-americanos, 8 asiáticos, 6 da Oceânia e 1 europeu (a ex-Jugoslávia), no total de 61 países.
Marrocos e a Frente Polisario disputam as simpatias europeias. Os saaruis recordam que os acordos de pesca celebrados pela União Europeia com Marrocos incluem as águas territoriais do Saara Ocidental, o que significa que tacitamente estão a reconhecer a marroquinização do território, mesmo antes da realização do referendo de autodeterminação, preconizado pela ONU, o que não deixa de ser condenável apesar da importância estratégica de Marrocos para a União Europeia.
A verdade, porém, é que a Frente Polisario e Marrocos não se entenderam na questão do referendo: a Frente Polisario quer votação na base do último recenseamento, (74 500 eleitores) realizado pelos espanhóis; Marrocos pretende impor 120 000 eleitores (marroquinos no dizer da Frente Polisario) pretensamente refugiados sarauis em Marrocos e reinstalados no Saara sob a protecção das forças armadas marroquinas.
O processo de recenseamento eleitoral tem tido pois o calcanhar de Aquiles do referendo, tendo sido objecto de diversos encontros bilaterais e conversações sob a égide da Organização das Nações Unidas sem que, até à data, pareça ter solução, no quadro de uma população fundamentalmente nómada e com interesses políticos opostos entre a Frente Polisario e Marrocos e a importância geoestratégica da região para o União Europeia e os Estados Unidos.
Fonte:
Wikipédia
Guia do Mundo